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Segurança

Fuga de Tatu e Martelo fez polícia descobrir quem chefia o Comando Vermelho no RN; veja

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A apuração da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) sobre a inédita fuga de dois detentos do presídio federal de segurança máxima em Mossoró revelou a existência de uma célula organizada do Comando Vermelho (CV) no estado. O grupo, até então desconhecido pelas autoridades locais, era considerado apenas aliado do Sindicato do Crime, facção que atua no Rio Grande do Norte em confronto com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

As investigações levaram à identificação de João Carlos de Almeida Bezerra, conhecido como JC ou Dog, apontado como liderança do Comando Vermelho no estado. Ele segue foragido e, segundo áudios interceptados, estaria em uma comunidade no Rio de Janeiro dominada pela facção.

JC foi um dos alvos da Operação Red Dots, deflagrada em 11 de março. A operação apura crimes como organização criminosa armada, tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro, tortura e homicídio. Também foram identificados outros integrantes do CV e o principal fornecedor de drogas da facção no estado, conhecido pelo apelido de Conterrâneo.

Um relatório da investigação aponta que “a partir destas duas lideranças, foram identificados seus operadores financeiros – testas de ferro que fornecem e movimentam conscientemente suas contas bancárias em prol das atividades ilícitas do grupo criminoso”. As movimentações bancárias permitiram o rastreamento de distribuidores de drogas vinculados ao CV no Rio Grande do Norte.

Em um dos áudios obtidos pela Ficco, JC se apresenta como a única liderança formal do Comando Vermelho no estado:

"Então, mano, em cima dessa caminhada aí, da camisa mesmo do Comando Vermelho, da camisa, lá no estado só eu, parceiro. E Loprão tá preso, né? Loprão tá preso há mais de 15 anos, que é o nosso presidente lá do estado. E da camisa mesmo, da camisa mesmo, batizado mesmo, cadastrado é só eu, tá ligado?”

A fuga dos detentos Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, integrantes do CV no Acre, ocorreu em 14 de fevereiro e resultou na abertura da investigação. Os dois foram recapturados apenas em 4 de abril, após permanecerem foragidos por 50 dias. A primeira pista surgiu em (16) de fevereiro, quando os fugitivos invadiram uma casa e usaram um celular para fazer ligações que ativaram a rede de apoio da facção.

No dia seguinte, foram resgatados de um sítio por um homem ligado ao CV e levados para uma região de chácaras entre Mossoró e uma cidade vizinha. Em (17) de fevereiro, o grupo se deslocou para um sítio em Baraúnas, onde os fugitivos foram hospedados por um morador cooptado por um casal da facção. O homem recebeu R$ 5 mil, além de outras quantias. Ainda naquele dia, a mulher do casal comprou roupas novas para os foragidos.

Em (19) de fevereiro, outro integrante do grupo foi até Aquiraz (CE), onde se encontrou com um membro da facção conhecido como Qualidade. Ele recebeu armas escondidas e retornou para Baraúnas. Essas armas foram apreendidas com os fugitivos no momento da recaptura.

Apesar da pressão das autoridades, a dupla conseguiu seguir para o Ceará, embarcar em uma lancha e chegar ao Pará. Foram presos em Marabá, a cerca de 1.600 km de distância do presídio de Mossoró, quando planejavam fugir para fora do país.

Após a prisão, novos áudios atribuídos a JC indicam que ele estava no Rio de Janeiro e temia uma ofensiva policial na comunidade onde se escondia. Em uma das gravações, ele reconhece que os investigadores já sabiam do envolvimento da cúpula da facção:

“É porque eles viu que os cara que eles prendeu aí no Rio Grande do Norte aí, no Ceará, ele viu que os cara num tem nada haver né, eles tão sabendo que quem deu apoio mesmo foi nós, eles quer nós, soltaram os cara e quer nós”.

A apuração prossegue com foco na responsabilização das lideranças envolvidas e no desmantelamento da estrutura criminosa identificada no estado.

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