Dois meses antes de contra-atacar Israel, o Irã discutia com o governo brasileiro seu interesse em exportar caviar para o país.
Em reunião no gabinete do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam Ghadiri, “apresentou produtos agrícolas de interesse para exportação, incluindo, além do caviar, frutas como romã, maçã e kiwi”, registrou a pasta em fevereiro.
Em abril, Fávaro tratou novamente do tema caviar, agora com o ministro da Agricultura do Irã.
“Em relação ao caviar, produto tradicional do país persa, o Brasil já cumpriu três das cinco etapas técnicas necessárias para a habilitação da importação”, informou o governo brasileiro na ocasião.
A embaixada do Irã termina todos os seus posts nas redes sociais ressaltando a boa relação com o Brasil: “amizadebrasilirão”, seguida das bandeiras dos dois países e de um emoji simbolizando um aperto de mãos.
Desde que a guerra com Israel começou, o governo brasileiro divulgou duas notas oficiais com críticas à decisão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de iniciar os ataques.
Nas notas, não há, por parte do governo Lula, repúdio ao contra-ataque do Irã — o que não passou despercebido pela diplomacia israelense.
O Irã foi o primeiro país a inaugurar uma embaixada em Brasília. No Instagram, o país destaca notícias da época com imagens de seus líderes ao lado do então presidente Juscelino Kubitschek. A embaixada de Israel fica a três minutos de carro.
“A inauguração desta chancelaria é simples demais para expressar a amizade entre o Irã e o povo do Brasil”, registrou JK em junho de 1960. “Essa amizade continua até hoje, simbolizada pelo plantio da muda da amizade na embaixada”, destacou o Irã em 7 de junho deste ano.
O país também usa suas redes para atacar Israel, a quem acusa de manter armas nucleares, além de acusar a mídia de “distorcer” os fatos a favor de Israel.
Há quatro dias, um post da embaixada foi derrubado por divulgar fake news sobre a guerra.