O momento desastroso que vive a Seleção Brasileira é um erro geracional que temos dificuldade em admitir. Nossa nova sociedade é mais sangue de barata mesmo. Vidas baseadas em telas de celulares, likes e status causaram uma perda da identidade. Nossos jogadores, os sempre copiados, crescem copiando os europeus.
Vejam que até as comparações mais absurdas já não são nem mais locais. Jogadores de bom passe agora lembram De Bruyne. Os goleadores são semelhantes a Haaland ou Harry Kane. Se for canhoto, lembra Messi. Já se for forte, Cristiano Ronaldo. Dá até saudade dos "novos Zicos" e "novos Ronaldos".
Acabou-se o sonho de jogar na Seleção Brasileira. Até pelo fato de que banalizou. Qualquer jogador que jogue três boas partidas próximas das datas FIFA em clube medíocre europeu é convocado. Triste é lembrar que já vimos vários jogadores que atuam no Brasil em seu auge, se esguelando por uma chance, e sequer são pré-convocados.
Nosso erro geracional ingressa no futebol após a derrota para a França em 2006. Aquela história da CBF de reformular e tirar os boêmios deixou como critério para a Seleção ser sangue de barata. Vagarosamente, foi sendo feita, de forma bem discreta, uma limpeza para acumular amarelões com a amarelinha. Boa parte, falso moralista, inclusive.
No jogo contra a Argentina, Raphinha foi humilhado. O vídeo me revira o estômago. Os argentinos passando a mão no seu rosto em deboche e o cara que prometeu "porrada neles", se escondeu do jogo e da briga. Covarde.
A queda geracional se dá também à falta de critério e de qualidade. Não temos um goleiro de personalidade, nem zagueiros que passem segurança, muito menos um meia genial.
Nosso melhor jogador do mundo sumiu junto do colega que dá show no Real Madrid. Nem uma jogada individual eles conseguem produzir? A camisa pesa tanto assim?
Para completar, Estêvão, nosso atleta mais afoito sequer teve oportunidade. Uma pena. Teríamos, pelo menos, alguma personalidade em campo. Espero que essa apatia não o contagie quando for à Europa.