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Internacional

O apagão da Europa nunca aconteceria no Brasil

Foto: REUTERS/Bruna Casas
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A ironia é luminosa: um dos maiores apagões da Europa nos últimos anos teve como origem não a ausência de energia, mas o seu excesso — mais precisamente, o excesso de energia solar. Em vez de celebrar a transição ecológica, Espanha e Portugal descobriram que uma matriz energética mal equilibrada pode matar pessoas e apagar cidades inteiras em pleno dia. A notícia é da coluna do José Manuel Diogo, na CNN Brasil.

Segundo especialistas europeus, a falha ocorreu porque o sistema espanhol não dispunha de energia firme o suficiente — ou seja, aquela que pode ser acionada com segurança e regularidade, como a de usinas térmicas ou nucleares. A energia solar, abundante, mas intermitente, tornou-se um fator de instabilidade. A desconexão de 15 gigawatts — o equivalente a 5 horas de consumo médio em São Paulo — em apenas cinco minutos mostrou que, sem mecanismos de compensação, o verde pode escurecer.

A transição energética não será feita de hashtags. Essa talvez seja a lição mais incômoda deixada pelo recente apagão luso- espanhol. O que era para ser um triunfo europeu do sol sobre o carvão virou um alerta: a abundância de energia solar, sem gestão técnica adequada, pode produzir o oposto da promessa — escuridão.

Se os especialista europeus tivessem os olhos postos na matriz brasileira o Blackout do início da semana poderia nunca ter acontecido. O Brasil, com mais de 60% de sua matriz baseada em energia hidráulica, oferece exatamente o tipo de flexibilidade que a Europa não teve e agora deseja recuperar.

Nossas usinas funcionam como baterias gigantes, capazes de responder em minutos a variações na demanda. A experiência brasileira é rara: aqui, a transição energética começou no século XX.

Claro, o Brasil também enfrenta seus próprios desafios — falta de investimento em redes inteligentes, gargalos na transmissão, dependência de chuvas. Mas temos um sistema capaz de absorver a variabilidade solar e eólica com muito mais resiliência do que países que apostaram tudo nas intermitências sem reservar espaço para estabilidade.

A lição ibérica é clara: descarbonizar é preciso, mas com engenharia, planejamento e senso de realidade. Portugal e Espanha se apressaram a abandonar fontes firmes sem preparar o sistema para o que viria. Já o Brasil, se souber valorizar sua matriz híbrida e investir em modernização, pode ser protagonista de uma transição robusta, soberana e tropical.

A nova energia do mundo precisa de mais do que sol. Precisa de inteligência elétrica — e vontade política para construí-la com equilíbrio, e não com slogans ambientalistas irresponsáveis.

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