A condenação de três brasileiros envolvidos no tráfico internacional de armas mirou o núcleo de compradores investigado na operação Dakovo, da Polícia Federal. A notícia é do Metrópoles.
Ricardo Rangel,vulgo Sem cabelo, Adilson de Souza (Amigo Mina) e Edgar Espíndola (Chiva) foram condenados pelo crime de integrar organização criminosa.
A investigação contra eles mira um empresário paraguaio que fornecia armas para o Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho.
Além dos compradores, no relatório final da investigação, a PF detalha outros cinco núcleos: central, vendedora, Dimabel, intermediários e da lavagem de dinheiro.
Segundo a decisão da Justiça Federal na Bahia, a investigação concluiu que 348 das 600 armas apreendidas no Brasil entre outubro de 2019 e março de 2023 “são de marcas comercializadas pela empresa paraguaia IAS”.
A IAS tem como dono o alvo principal da operação Dakovo, Diego Hernan Dirisio, apontado como um dos maiores traficantes de armas da América Latina.
Condenado a seis anos e nove meses de prisão, Ricardo Rangel era policial militar à época das conversas encontradas pela PF em que ele negocia armas com um integrante do núcleo de intermediários.
Ele foi preso em 8 de junho de 2022 com um carregamento de drogas.
“Conclui-se que Ricardo Rangel da Silva não se tratava de um comprador eventual de armas traficadas pela organização criminosa, mas a integrava efetivamente, porquanto adquiria habitualmente, para revenda em território brasileiro, as armas originalmente importadas para o Paraguai pela IAS-PY e revendidas pelo intermediário paraguaio Júlio Cantero”, afirmou o juiz ao condená-lo.
Para condenar Ricardo Rangel, a Justiça Federal cita conversas em que ele negocia 12 pistolas com Júlio Cantero, vulgo Talito, entre o final de 2021 e janeiro de 2022.
Adilson Pereira recebeu uma pena de quatro anos e seis meses que foi reduzida pelo juiz na hora de calcular a pena por ele ter confessado em seu interrogatório.
“Em seu interrogatório judicial, Adilson de Souza Pereira afirmou ser verdadeira a imputação de que integrava organização criminosa transnacional destinada ao tráfico de armas. Confirmou ter negociado, por cerca de seis ou sete vezes, armamentos (pistolas) por intermédio de pessoa no Paraguai”, afirmou o juiz em trecho da condenação.
O terceiro condenado, Edgar Espíndola, também confirmou ter intermediado por uma vez a compra de pistolas do Paraguai.
Ele negou, no entanto, integrar o grupo criminoso de tráfico transnacional de armas liderado por Diego Dirisio.
“Relatou que entrou em contato com pessoa no Paraguai para comprar 10 pistolas, uma vez que um conhecido seu estava procurando armas para comprar e o acusado precisava de dinheiro”, diz trecho da decisão.
Embora tenha confessado atuar como comprador uma única vez, a PF apontou Espíndola como representante de uma “liderança de crime organizado no Brasil (chamado “patrão” nos chats), e objetivava trazer do Paraguai não apenas armas e munições, mas também drogas”.
Ele foi condenado a seis anos e nove meses de prisão.
“Importa registrar o fato de que, ainda que os acusados Ricardo Rangel da Silva, Adilson de Souza Pereira e Edgar José de Souza Espindola não tivessem ciência de todas as etapas da importação ilegal das armas do leste europeu e Turquia para o Paraguai, adquiriam, como clientes da Orcrim (organização criminosa), os armamentos de forma habitual, para ingresso ilegal no Brasil, revenda e fomento de outros grupos criminosos”, diz o juiz ao decidir pelas condenações.