Embora bem recebido pela diplomacia brasileira, o Itamaraty adotou um discurso de extrema cautela antes de dar qualquer próximo passo em relação à possibilidade de um distensionamento entre o presidente Lula e Donald Trump. A informação é da CNN Brasil.
Sob reserva, diplomatas brasileiros relataram à CNN que um encontro bilateral entre ambos pode ocorrer — sempre foi considerado uma possibilidade —, mas que é preciso cautela para que o brasileiro não caia na mesma armadilha em que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, caiu em fevereiro deste ano.
Na ocasião, o ucraniano foi repreendido ao vivo por Trump, teve um almoço planejado cancelado e foi abruptamente convidado a deixar a Casa Branca.
O receio na diplomacia brasileira permanece, mesmo após o gesto de Trump nesta terça-feira (23).
Ainda mais porque Trump também fez, durante o discurso, críticas ao cenário político interno brasileiro — mencionou que há afrontas às liberdades no país — e sugeriu que o Brasil só irá bem se se aproximar dos Estados Unidos.
A fala do presidente americano também ocorre um dia após mais sanções serem aplicadas a autoridades brasileiras.
Por isso, os próximos passos ainda estão sendo estudados.
Há a leitura de que, como o gesto partiu de Trump, o caminho agora seria trabalhar por uma aproximação — e até mesmo por uma agenda bilateral entre ambos — que envolvesse estritamente questões econômicas, afastando do debate o que for de viés político.
Nesse sentido, o gesto de Trump foi visto como uma possibilidade para que o tarifaço seja melhor negociado e até revisto, além de uma mostra de que a agenda ideológica do ex-assessor de Trump Steve Bannon e do secretário de Estado, Marco Rubio, pode ter limites.
Seria, ademais, segundo fontes consultadas pela CNN, uma possibilidade de neutralizar a oposição bolsonarista, que se fia nas sanções da Casa Branca contra o Brasil como estratégia para desestabilizar o ambiente político no país.