Oferecimento:

Logo 96FM

som+conteúdo

1920x350px.gif

Blog do Bolinha


Esporte

Santa de painho

G0R1ksBXIAAtXu9.jfif

Meu pai vai completar 75 anos no próximo dia 20. Nesse tempo todo de vida, uma dedicação em seu coração foi exclusiva desde os primeiros passos: o Santa Cruz. Ele nunca vai admitir, mas se algum dia tivesse que escolher entre a família e o time que torce, eu e meus irmãos teríamos que arrumar outro pai.

Eu não o julgo. O tricolor do Arruda foi sua base. Estudou no clube, teve seus lampejos de jogador e, consequentemente, viveu uma rotina intensa de torcedor. Foi, de fato, seu primeiro amor.

Não podemos ir a Recife sem passar, pelo menos, na frente do Arruda. As pausas para tirar fotos até com o ônibus são de lei. Lá, sempre somos bem recebidos, e ele se orgulha de falar de quando jogou e de como era antigamente.

Recentetente, painho foi diagnosticado com hidrocefalia. Parou de andar e passou a ter mais dificuldades na fala. Por conta da mobilidade reduzida, as visitas aos estádios se tornaram quase impossíveis. Estamos tratando, mas em um áudio choroso hoje, ele me contou que acreditava que nunca mais veria o Santa Cruz.

No jogo contra o América, vi a oportunidade de mudar esse rumo. Tive a chance de mostrar a ele que, mesmo aos 74, ainda dava para realizar sonhos. E aqui fica minha gratidão a Ricardo, da Casa de Apostas Arena das Dunas, e a Mancini, amigo da 96 FM. Consegui que ele fosse assistir.

Desde que avisei que iria, ele agiu como quem fosse encontrar uma namorada. Ficou ansioso e só falava de como seria.

Respeitando o América, não quis ir com nada do Santa. Arrumou-se cedo e vestiu a peita da Colômbia. Não parava de sorrir. Nem se importou quando o gol americano saiu. Só queria ver o seu time.

Como no futebol alguém sempre ri enquanto o outro chora, quis o destino que ele ainda sorrisse mais uma vez com uma conquista tricolor. O gol de empate de Balotelli coroou esse reencontro do meu pai com o seu amor. Futebol do meu amado RN, me perdoe, mas não consigo negar que, em meio à frustração com o América, havia uma chama de felicidade.

Talvez eu seja seu maior fracasso no futebol: o único filho que herdou o interesse dele pelo esporte não virou tricolor fanático. Contudo, quis Deus e o destino que eu ainda pudesse, mais uma vez, fazê-lo sorrir com um gol do seu time em um estádio.

Deixe o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado