O ex-ministro do Trabalho e da Previdência Onyx Lorenzoni, disse nesta quinta-feira (6), que problemas em descontos associativos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eram “recorrentes“, mas que, durante sua gestão na pasta, o tema não tinha “relevância“. A informação é do O Antagonista.
Onyx prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que investiga o esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.
“O problema com descontos associativos era recorrente. Tem denúncias de problemas com acordos ou com procedimentos, dos mais diferentes governos desde 2010, registrados pela imprensa brasileira. Em setembro de 2018, os membros do Conselho Nacional de Previdência Social e o Ministério Público fizeram uma denúncia bem robusta. Eram quatro entidades, era o Governo Temer, nós estávamos na campanha eleitoral, e eu me lembro que me chamou muito a atenção esse fato”, declarou.
“Entendo que o escopo da investigação é desconto associativo, mas, quando chegamos ao INSS, para então fazer a reestruturação do ministério – por isso que eu fui colocado lá, foi para isso -, o Presidente me pediu para resolver dois problemas: a bronca dos 2,5 milhões de processos acumulados… O senhor imagina, pessoas que há um ano, um ano e meio, dois anos tinham entrado com o seu pedido de aposentadoria, e nada de resposta. Então, a nossa luta foi para resolver isso. E o outro problema era consignado”, pontuou em outro momento.
“No nosso tempo, como os números expõem com clareza, não havia relevância no discurso de descontos associativos. Então, eu fiquei, o tempo todo lá, lutando contra essas duas coisas”.
Onyx Lorenzoni foi ministro do Trabalho e da Previdência de 28 de julho de 2021 a 30 de março de 2022, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele ainda negou na CPMI que conheça o empresário Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Clube de Benefícios, uma das entidades investigadas por desvio de dinheiro de aposentados do INSS. Gomes depositou 60 mil reais na conta de campanha do ex-ministro para governador do Rio Grande do Sul em 2022.
“A Amar Brasil arrecadou milhões de reais. E um dos responsáveis pela Amar Brasil está aqui: Felipe Macedo Gomes. Esse investigado participou de uma verdadeira trama criminosa. E onde é que o senhor entra aqui, Ministro? O senhor entra aqui, porque esse rapaz, que tem ligação com essa entidade e outras entidades, esse Felipe Macedo Gomes, que deveria estar preso, depositou 60 mil na sua conta de campanha para Governador do Rio Grande do Sul em 2022”, ressaltou o relator da CPMI, Alfredo Gaspar (União-AL), se dirigindo ao depoente.
“Nunca vi esse cidadão, não sei quem é. E outra coisa: nunca pedi dinheiro para bandido. Sou diferente, muito diferente”, disse Onyx, em resposta.