Com a proximidade das eleições de 2026, o governo federal deve passar por mudanças significativas em seu quadro ministerial, já que pelo menos 20 dos 38 ministros devem se afastar dos cargos até abril para cumprir a legislação eleitoral. Conforme o site Valor Econômico, as saídas podem resultar na formação de uma equipe com perfil mais técnico, embora isso represente desafios adicionais para a articulação política no Congresso.
Diante desse cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja iniciar, logo no começo de 2026, encontros com os ministros interessados em disputar cargos eletivos em outubro.
A expectativa no Palácio do Planalto é que as substituições ocorram de forma escalonada, com novos nomes assumindo até o final do mandato. A escolha dos sucessores dependerá da estratégia do presidente. Muitos secretários-executivos devem assumir as pastas.
Substituições e movimentações estratégicas
O atual desenho ministerial já inclui Gustavo Feliciano no Turismo, substituindo Celso Sabino. A eventual saída de Jorge Messias, advogado-geral da União, não entra na conta. Isso porque só ocorrerá caso o Senado dê sinal verde a sua indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que deve ocorrer a partir de fevereiro. Entre os 38 ministérios, a definição dos destinos dos ministros continua em aberto para parte deles.
Entre as movimentações previstas, oito ministros devem concorrer ao Senado, visto como estratégico para o governo. A Casa Legislativa, que em 2026 terá renovação de dois terços, com 54 das 81 cadeiras em disputa, é peça-chave à gestão, pois decide sobre temas como indicações para agências reguladoras e eventuais processos de impeachment de ministros do STF.
Além dessas disputas, cinco ministros planejam concorrer à Câmara dos Deputados. Um dos nomes mais relevantes é o de Gleisi Hoffmann (PT-PR), ministra de Relações Institucionais, que deve deixar o cargo para buscar novo mandato como deputada. Sua vaga ainda não tem substituto definido e a saída impacta a articulação do governo com o Legislativo.
Outros dois ministros avaliam a disputa por governos estaduais. Márcio França (PSB), do Empreendedorismo, pretende concorrer ao governo de São Paulo; enquanto Renan Filho (MDB), dos Transportes, almeja o governo de Alagoas. Já Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social, sairá para atuar diretamente na campanha de Lula. No Planalto, busca-se um perfil capaz de dar visibilidade e continuidade às ações do governo no período eleitoral.
Projeções do governo para a sucessão de nomes de peso
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também cogita deixar o cargo. Ele revelou em entrevista ao jornal O Globo ter conversado com Lula sobre a possibilidade de integrar a coordenação da campanha à reeleição, podendo sair já em fevereiro. No PT, Haddad é citado como possível candidato ao Senado ou ao governo paulista, embora Márcio França também seja cotado para disputar o Executivo estadual, o que deve demandar negociações com o PSB.
O chefe da Fazenda é visto como figura central pela proximidade com Lula e relevância eleitoral em São Paulo. Aliados relatam que ele prefere apoiar a reeleição do presidente, mas está disposto a cumprir a orientação de Lula. A candidatura ao Senado é considerada a mais provável, servindo também para preparar Haddad como possível sucessor em 2030, segundo auxiliares do presidente.
As mudanças não se restringem à Fazenda. Dos quatro ministérios que integram a Junta de Execução Orçamentária — Fazenda, Planejamento, Casa Civil e Gestão —, três devem passar por trocas. Esther Dweck, da Gestão, é a única que não pretende disputar as eleições. Os secretários-executivos Dario Durigan, Gustavo Guimarães e Miriam Belchior são cotados para assumir as respectivas pastas.
Rui Costa, ministro da Casa Civil, deverá se afastar para concorrer ao Senado pela Bahia. A intenção do PT é lançar Rui e renovar o mandato de Jaques Wagner, líder do governo no Senado, o que pode gerar disputas com aliados locais. Simone Tebet (MDB-MS), ministra do Planejamento, avalia transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo e mudar de partido, considerando disputar o Senado pelo PT, mas a decisão ainda depende de conversas com Lula.
Disputas estaduais e arranjos políticos
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), poderá deixar o ministério caso decida concorrer em 2026, mas manteria a Vice-Presidência. O PSB defende a permanência da chapa com Lula, e o presidente tem elogiado Alckmin depois de negociações recentes com os Estados Unidos.
Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avalia candidatura ao Senado por São Paulo, mas ainda discute alianças e cenário partidário. A discussão sobre a composição do governo para o período eleitoral começou ainda no primeiro semestre, antecipando negociações para viabilizar acordos políticos.
Em áreas como infraestrutura, há expectativa de saída de todos os ministros, como Alexandre Silveira (PSD), Minas e Energia, cujo futuro depende da formação do palanque de Lula em Minas Gerais.
*Com informações da Revista Oeste