Emoção de ser Botafogo - por Lupércio Segundo

01 de Dezembro 2024 - 20h18
Em 1989 eu tinha apenas 8 anos. Não haviam muitos registros, mas como tudo que o senhor fazia era com paixão, isso deixou uma lembrança e uma marca muito forte em minha memória e marcou minha vida.
Naquele ano, depois de 21 anos sem títulos, o Botafogo voltava a ser campeão. Valdir Espinosa foi o comandante daquele time que tinha Paulinho Criciúma, Maurício, Josimar, Mauro Galvão e muitos outros craques.
Nesse título, vendo a paixão e emoção do meu pai, Lupercio Luiz, aprendi o que era torcer pelo Botafogo e principalmente a importância do futebol em sua vida!
Não foram poucas as vezes em que escutava do meu pai a história desse título para ele. Meu avô, Vovô Bolão como era chamado por todos, se encontrava em um leito de hospital, acometido por um câncer, e meu pai chamou ele para assistir a final. E escutou dele dizendo que não teria mais a alegria de ver o Botafogo campeão.
Aquele título eu revivi muitas vezes assistindo uma Fita cassete gravada pela extinta TV Manchete, que documentava a conquista.
Seis anos mais tarde, já morando em Natal, com 14 anos, comemorei com com meu pai a conquista do Campeonato Brasileiro. Naquele time de Túlio Maravilha, Donizete, Sérgio Manoel, Gonçalves, ficou a maior conquista que pude assistir do Botafogo junto com meu pai.
Ainda me lembro dele sozinho na varanda do apto gritando aos berros: é campeão p……!
Sua carreira na imprensa esportiva e depois o meu caminho trilhado para o futebol, acabaram nos deixando muito próximos do esporte, mas distante do Botafogo, essa foi a verdade.
Não tenho em minha lembrança ter assistido nenhum jogo do Botafogo no estádio, ao lado do meu pai.
E quando eu comecei a trabalhar com futebol, onde a gente acaba deixando a emoção e paixão mais de lado e começa a viver a razão, eu já não entendia quando eu chegava na casa dele e o via mau humorado e perguntando o que tinha acontecido ele respondia: o Botafogo que perdeu ontem!
O senhor se foi meu pai e não vimos o Botafogo juntos ao vivo, mas tudo o que o senhor construiu em mim permanece aqui vivo, as vezes mais quieto as vezes mais vibrante.
Hoje o fogão joga pela primeira vez a final da libertadores, a maior competição do nosso continente. Ganhar esse título coloca nosso glorioso em um lugar ainda mais diferente na história do futebol.
Vou estar torcendo com o mesmo amor e entusiasmos que o senhor torceria. Mais uma vez não irei estar no estádio, mas de longe, do nossa jeito, estarei concentrado e na torcida, na certeza que o senhor estará comigo, como sempre esteve.
Vamos fogo! Vamos ser campeões da libertadores!
*Texto de Lupércio Segundo - advogado, empresário, presidente de honra do Santa Cruz, em homenagem ao seu pai, botafoguense como eu, Lupércio Luiz, uma das figuras mais respeitadas do futebol potiguar, de saudosa memória
 
** Texto me foi enviado antes da conquista maravilhosa da Libertadores
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