Uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que 42,4% dos aposentados e pensionistas do INSS não conhecem o aplicativo Meu INSS — ferramenta usada pelo governo para informar sobre descontos e permitir que os beneficiários se manifestem contra cobranças indevidas. A informação é do R7.
O levantamento, feito com base em entrevistas, aponta ainda que 25,1% dos entrevistados conhecem o app, mas nunca o utilizaram. Apenas 32,4% disseram já ter acessado a plataforma. Segundo a CGU, essa exclusão digital prejudica o combate a fraudes e dificulta o reconhecimento de descontos irregulares nos pagamentos.
Relatos de aposentados reforçam o cenário. A professora Carla Maria, de 59 anos, diz que evita usar o site e o aplicativo do INSS por medo de cair em golpes. “Peço ajuda a alguém da família. É muita etapa para chegar à informação”, afirma. Já Márcia Coelho, de 78, aponta dificuldade com senhas e navegação: “Me perco fácil. Prefiro que alguém faça por mim.”
Outro ponto crítico é o local onde vivem as vítimas. O relatório mostra que 67% dos casos de descontos ocorreram entre moradores de áreas rurais, com menor acesso à internet e maior dificuldade de locomoção até uma agência.
Diante da gravidade da situação, o governo firmou parceria com os Correios para permitir que os pedidos de reembolso dos descontos possam ser feitos presencialmente. A partir do dia 30, mais de 4.700 agências em todo o país passarão a oferecer o serviço.
A advogada Fabiana Longhi, especialista em direito do idoso, afirma que o INSS tem obrigação legal de oferecer canais acessíveis. “Prioridade não é só na fila, é também no atendimento que funciona. Não se pode tratar o idoso como problema”, declarou.
Como alternativa complementar, o governo federal também lançou o projeto Balcão Gov.br, com atendimento presencial feito por servidores treinados para ajudar idosos e pessoas com pouco letramento digital a navegar nos serviços públicos online.