Filhos de criminosos notórios estão recorrendo à Justiça para anular a paternidade e se desvincular de suas origens. É o caso do filho de Cristian Cravinhos, um dos condenados pelo assassinato dos pais de Suzane von Richthofen, que conseguiu na Justiça o direito de retirar o nome completo do pai de seus documentos. A informação é da Revista Oeste.
O jovem, hoje com 27 anos, já havia excluído o sobrenome Cravinhos em 2009, mas foi além: com o apoio de uma decisão unânime da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), conseguiu eliminar qualquer referência ao pai. A decisão levou em conta a ausência de vínculo afetivo e os constrangimentos causados pela ligação com Cristian, com quem o rapaz teve apenas três encontros ao longo da vida. Segundo a ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, houve quebra completa dos deveres parentais.
A Justiça brasileira permite a remoção do nome dos pais do registro civil em situações como erro no registro, ausência de vínculo biológico ou inexistência de relação afetiva — como no caso de Cristian e seu filho.
Outro processo que corre na Vara da Infância e Juventude de São Paulo envolve Elize Matsunaga, condenada pelo assassinato do marido, Marcos Matsunaga. Os avós paternos da criança pedem na Justiça a anulação da maternidade de Elize, que argumenta ter plenas condições de cuidar da filha e nunca ter cometido nenhum crime contra ela. Elize, por sua vez, já retirou o sobrenome Matsunaga de seus documentos para tentar se desvincular do crime que a tornou conhecida.
Anna Carolina Jatobá, condenada pelo homicídio da enteada Isabella Nardoni, também alterou seu sobrenome após deixar a prisão. Ela iniciou o processo de obtenção da cidadania italiana para os filhos, que já removeram o sobrenome Nardoni dos registros civis.
Em geral, mudanças de sobrenome — como as feitas por Elize e Anna Carolina — são menos complexas do que os processos de anulação de paternidade ou maternidade. Desde 2022, alterações legais permitem que qualquer pessoa maior de 18 anos mude o primeiro nome diretamente em cartório, sem necessidade de justificar a decisão.
Suzane von Richthofen, por exemplo, adotou um novo nome ao registrar sua união estável. Já Daniel Cravinhos, também condenado pelo caso Richthofen, mudou de nome duas vezes, ambas em função de casamentos.
Apesar de tudo isso, Cristian Cravinhos disse que manterá o nome que carrega: “Caí com esse nome, vou me levantar com ele”.