Segundo a liminar que determinou as cautelares, "em razão de práticas comerciais consideradas abusivas e reiteradas violações ao Código de Defesa do Consumidor", os acusados deveriam "se abster de realizar novas transmissões ao vivo (lives) comerciais ou ações publicitárias de vendas virtuais até comprovarem documentalmente a existência de estoque suficiente para atender aos pedidos". A informação é do O Globo.
De acordo com o promotor Élvio Vicente da Silva, a influenciadora postou um vídeo de um perfume, que foi republicado no perfil da Wepink no Instagram, no último sábado. A publicação compartilhada fez o link de compra aparecer ligado ao perfil de Virgínia, e não da marca, como havia determinado a Justiça. O promotor apontou que o mesmo ocorreu dois dias depois, nesta segunda-feira.
“Inclusive, incumbe ressaltar que, em stories veiculados no perfil de Instagram da empresa WePink, a influenciadora Virgínia Fonseca anuncia as promoções, afirmando que: ‘tá saindo por R$ 54, até em live sai por R$ 62’”, escreveu Silva em seu parecer.
Descumprimento prevê multa
Segundo o MP, o caso teve início após uma série de queixas de consumidores que "relataram atrasos nas entregas, ausência de reembolsos e descumprimento de ofertas publicitárias". Agora, após a decisão judicial, em caso de descumprimento da decisão, "será aplicada multa de R$ 100 mil por ocorrência" aos envolvidos — além da influenciadora, Thiago Stabile e Chaopeng Tan, sócios neste empreendimento.
"A decisão impõe, ainda, que a empresa institua, no prazo de 30 dias, canal de atendimento humano, e não automatizado, acessível por telefone e outros meios, com resposta inicial obrigatória em até 24 horas. A Wepink deverá, ainda, divulgar em suas redes sociais e em seu site oficial informações claras sobre os direitos das(os) consumidoras(es) e os procedimentos para cancelamentos, trocas e reembolsos", diz a decisão.
Ainda segundo o MP, o eventual "descumprimento dessas obrigações poderá acarretar multa adicional de R$ 1 mil por ocorrência, além das penalidades já previstas". A liminar também determinou que a Wepink – Savi Cosméticos Ltda. "apresente a relação completa de todas as reclamações recebidas desde o início de suas operações".
O GLOBO procurou a Wepink, mas a empresa ainda não se posicionou sobre o caso.
A Wepink ganhou notoriedade nas redes sociais pela atuação da influenciadora digital, mas também pelos anúncios de faturamento milionário e longa lista de produtos. Ao ser ouvida na CPI das Bets, Virgínia Fonseca afirmou que empresa faturou R$ 750 milhões no ano passado.
Há um ano, os sócios realizaram o lançamento do 100º produto da marca, por meio de uma live improvisada de marketing que fez a Wepink faturar R$ 9,2 milhões em uma hora, segundo a Forbes. Na ocasião, Virgínia e a sócia Samara Pink usaram a Toffe Eiffel de pano de fundo para divulgar o novo perfume, o Liberté.
A marca foi criada em 2021 por Virgínia, Thiago Stabile e Chaopeng Tan. Samara Pink, mulher de Stabile, também é creditada como sócia. A Wepink começou no e-commerce, mas rapidamente se expandiu para lojas físicas. Aliás, no mesmo dia em que virou alvo da ação do MP, Virgínia e Samara anunciaram um novo estabelecimento no shopping Via Verde, na capital Rio Branco (AC), aberto a partir desta sexta-feira.
Antes das ações das autoridades de Goiás, a Wepink já havia sofrido críticas e ironias nas redes sociais por outro motivo, a qualidade de alguns produtos. Antes de viralizar com o vídeo de denúncia sobre adultização, o influenciador digital Felipe Bressanim Pereira, o Felca, fez um review em 2023 testando uma base da marca de cosméticos da influenciadora, o que o ajudou a consolidar a fama para além do público mais fiel.
No ano seguinte, ele se gravou testando outros produtos da marca, como a linha de body splashes cujos supostos odores fortes foram criticados por internautas. Depois, a criticou pela divulgação de bets. Este ano, Felca afirmou à influenciadora Gkay que Virgínia o excluiu de seu grupo de amigos.