O Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (7) trouxe uma mudança na diretoria de Gestão de Pessoas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O cargo, que estava vago desde julho, passou a ser ocupado por Yveline Barretto Leitão, irmã do prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT). Com informações do Metrópoles.
A nomeação, contudo, causou desconforto no entorno do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e expõe, mais uma vez, racha entre atual gestão da autarquia e o Ministério da Previdência Social.
Isso porque Gilberto Waller, segundo interlocutores, não estava sabendo da mudança. Ele tirou uma semana de férias, a contar da última segunda-feira (3). Nesse meio tempo, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), encaminhou a nomeação à Casa Civil da Presidência da República. A indicação partiu da presidente substituta do INSS, Lea Bressy.
Yveline é servidora de carreira do INSS e, até então, ocupava o cargo de diretora substituta. Procurados, o INSS e o Ministério da Previdência não se manifestaram.
Em julho, conforme revelou a coluna, Wolney Queiroz já havia tirado poder da gestão do INSS, que havia recebido “carta branca” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para fazer modificações na autarquia em razão do escândalo dos descontos indevidos revelado pelo Metrópoles.
Uma outra portaria publicada pelo ministro da Previdência, naquela ocasião, retirou do presidente do INSS a competência para nomear os superintendentes regionais e o gerente-executivo da autarquia. Essas nomeações, desde então, ficaram a cargo do próprio ministro da Previdência.
Além disso, as indicações para os cargos de diretores do INSS, como foi o caso de Yveline, passaram a precisar de autorização prévia de Wolney Queiroz.
Historicamente, essas nomeações eram de competência do presidente do INSS. Logo no início da gestão Lula III, no entanto, o então ministro Carlos Lupi (PDT) passou a centralizar essas indicações dentro da autarquia.
Já em maio deste ano, na esteira da Operação Sem Desconto, da Policia Federal, Wolney Queiroz – que substituiu Lupi na Previdência –, havia reestabelecido a atribuição das nomeações para a gestão do INSS. Mas isso só durou dois meses. Em julho, o poder voltou a ser do ministro da Previdência, se assemelhando à gestão Lupi.
Desde a operação da PF, o INSS é presidido por Gilberto Waller Júnior, procurador federal da Advocacia-Geral a União (AGU). Ele recebeu “carta branca” de Lula para fazer modificações no instituto e estancar a crise causada pelo escândalo dos descontos indevidos. O antigo presidente, Alessandro Stefanutto, foi alvo de mandados de busca e apreensão.
Ministro da Previdência já se reuniu com Careca do INSS
Wolney Queiroz foi secretário-executivo de Carlos Lupi, demitido em razão da fraude no INSS. Ambos são do mesmo partido, o PDT. Apesar das ligações, o novo ministro nega vínculos com o antigo gestor.
Conforme revelou o Metrópoles, Wolney Queiroz já se reuniu com o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, dentro do ministério no início do governo Lula, em janeiro de 2023.
O Careca do INSS, que aparece sorridente na foto da reunião, é apontado pela PF como o principal operador do esquema de descontos indevidos em aposentadorias. Segundo a investigação, o lobista recebia dinheiro das entidades envolvidas nas fraudes contra aposentados e pagava propina a dirigentes do INSS.
O encontro também contou com a participação de três ex-dirigentes do INSS suspeitos de terem recebido propina para favorecer entidades envolvidas nas fraudes dos descontos indevidos contra aposentados. À época, Wolney Queiroz era deputado federal e havia sido indicado para ser secretário-executivo do ministério, cargo que assumiria um mês depois.
Em nota, o ministro afirmou que “a agenda foi organizada e conduzida” por Virgílio Oliveira Filho, “com o intuito de apresentar ao futuro secretário executivo um panorama técnico da pasta no âmbito do processo de transição”. Segundo o texto, o grupo foi montado por ele “sem anuência prévia de Wolney sobre os participantes”.