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Cidades

Praça Cívica: Berço da cidadania potiguar

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Com mais de um século de histórias para contar, sob recordações e saudosismo, espaço vai ganhar reforma para encantar novas gerações que alí ainda vão passar.

Por William Medeiros.

Foto principal: Google Imagens.

No Centro da cidade de Natal existe um local rodeado por lanchonetes, escolas, empresas, prédios públicos e, principalmente, cidadãos. Criada em 1901, mas Inaugurada em 24 de outubro de 1937, a Praça Cívica, também conhecida como Praça Pedro Velho, foi fundada pelo prefeito Gentil Ferreira. Inicialmente, o local deveria ter quatro quarteirões. Porém, o "Plano Geral de Systematização da Cidade do Natal" reduziu-a para apenas dois. Bom, esse é apenas um relato histórico, porque a ideia aqui é documentar a vivência  em volta de tudo isso e como ela impacta no município, essencialmente agora, que passará por uma reforma na gestão de Álvaro Dias. 

Alguns dos cidadãos que alí passaram há anos atrás saíram de simples pessoas trafegando pelo local, outros estudaram nas escolas alí perto e mais alguns trabalham atualmente nos vários imóveis ao redor. Um desses perfis é o da professora e telemarketing, Patrícia Barbosa. "Por ela [a praça] eu também passava ao sair da escola, porque ela estava em meu caminho, como também nos dias em que eu retornava à casa da universidade, mas existem outros motivos importantes para eu ter boas lembranças dessa praça tão especial para mim. Nos dias que não havia aula, acolá estava eu sentada ou deitada na grama. Lia quando podia, me reunia com amigos da turma ou de outras turmas da escola, ouvíamos música, cantávamos e tinham aqueles que tocavam instrumentos como violão ou violoncelo", disse a, também, ex-aluna do Colégio Atheneu Norteriograndense

Hoje doutora em biotecnologia, a bióloga e professora Maisie Barbosa também passou a sua juventude rodeando a Praça Cívica. "Quando eu descia na Rio Branco e ia para a escola, passava por lá, a mesma coisa quando eu saía e, eventualmente, ia pegar um ônibus porque ia fazer umas coisas no Centro. Tinha até a Central do Cidadão que passávamos por lá para comprar os tickets de estudante. Sempre passávamos pela Praça Cívica, ou seja, um elo para ir para o Centro da cidade. Querendo ou não, tem aquela memória afetiva e a questão do saudosismo porque os grupos de estudantes que alí trafegavam, tinham muitos pontos para ficar conversando", conta. 

"Era um ponto de encontro muito legal. Após as aulas ou até mesmo antes, a gente fez muitas amizades. Naquela época, nos reuniamos não só para brincar, conversar e tudo mais ... Mas, também, para ficar na expectativa dos jogos no Palácio dos Esportes, onde tinha o Jerns e as competições. Foi um local, onde tive a abertura para conhecer outras pessoas que gostavam de se reunir naquele ambiente", relata o locutor da 96 FM Wilson Mancini. Ele ainda conta que vivia passando pelo local para fazer lanches, compras no supermercado e comprar os tickets de ônibus. 

Conservação do patrimônio

Na sua época como estudante, Wilson relata que chamava atenção o ambiente florido, arborizado e limpo. "As pessoas respeitavam muito o ambiente, porque era um ponto de encontro e sabiam que aquele lugar, por ser público, tinha que ser valorizado. Tinha que estar tudo limpinho, o pessoal preservava. Eu me lembro que tinha algumas pessoas desobedientes, mas outros alunos já ajudavam e faziam essa limpeza para não deixar o espaço sujo, apesar de ter a limpeza pública, os próprios estudantes tinham esse cuidado para manter o espaço limpo, bacana e poder ser utilizado não somente por eles, mas, também, pelos outros", conta. 

De acordo com a Prefeitura do Natal, a praça foi inicialmente entregue com coretos, quadra de esportes, tanques com tartarugas e peixes que podiam ser pescados, bem como uma ciclovia. Porém, com as diversas reformas, esses equipamentos foram retirados. Do jeito que estava até o início do ano, o local ficou desde 2004, onde se trocou o piso e se instalaram rampas para pessoas com deficiência. Realizou-se o nivelamento de canteiros, construção de um chafariz, serviço de jardinagem e iluminação.

Uma curiosidade é que o nome "Pedro Velho", se trata de uma saudação ao primeiro governador do Rio Grande do Norte, que também é homenageado na praça com um busto instalado no local, como explica a diretora do Departamento de Patrimônio Cultural da Fundação Capitania das Artes (Secult/Funcarte), Marcia Rossana de Oliveira. "Em 1909 foi criado em sua homenagem um monumento, em bronze, que foi colocado na praça somente em 1969. Inclusive, ele foi restaurado recentemente pela Funcarte. É de grante importância a preservação do patrimônio cultural da cidade", disse.

Ao longo do ano de 2022, o Portal 96 constatou bancos quebrados, pichações pelo local e o despejamento de lixo em via pública. Houve até atos de furto e vandalismo aos equipamentos presentes. Isso é também uma reclamação feita por Patrícia. "No geral, a praça cívica faz parte da minha memória afetiva e ao ver que ela esta 'desgastada', isso me entristece", relata. 

Projeto de reforma

No dia 04 de maio deste ano, um projeto arquitetônico da praça, feito pela arquiteta Gladys Fernandes, foi apresentado ao prefeito Álvaro Dias. Já em 30 de novembro, a própria prefeitura divulgou as mudanças a serem implementadas, com o objetivo de reunir os cidadãos no entorno da cidade. O investimento é de R$ 2 milhões e o prazo de entrega é de 180 dias, podendo ser renovado de acordo com o andamento da obra. 

O secretário de Serviços Urbanos, Irapoã Nóbrega, conta quais são as mudanças a serem feitas a partir de agora. "Teremos um novo piso, tanto interno, quanto externo; alamedas para passeio; espaço pet; um mini-afiteatro; palco de apresentações cobertas; uma nova área de convivência próxima ao Palácio dos Esportes; acessibilidade em toda praça; novo paisagismo; iluminação em LED; e um espaço para convivência das famílias", disse. 

"Essa obra na praça Pedro Velho, constitui uma ação de conservação deste patrimônio, que é um bem representativo da memória e identidade do nosso povo", comenta Marcia Rossana de Oliveira. 

Veja imagens do projeto feitas a partir de uma maquete do arquiteto Ranyer Cabral, que colaborou com o projeto da prefeitura:

Vale destacar também um diferencial na obra em relação a outras na cidade. Para evitar ações de vândalos pela região, através de pichações, a empresa de engenharia responsável, Dois A, vai promover uma ação social a uma instituição de caridade, o que mostra preocupação social. Veja na imagem a seguir:

Foto: Danielle Mafra.

“Vamos ampliar a iluminação para gerar mais segurança e toda ela está projetada para o uso do LED, o que garante mais luz no local e também uma maior economia de luz e respeito ao meio ambiente. Ainda existe a possibilidade da instalação, por meio da Sempla, do 5G grátis no local, seguindo as diretrizes do programa Wi-Fi Natal, que garante à população acesso à internet gratuita, rápida e de alta qualidade em espaços públicos”, completa Irapoã Nóbrega em matéria publicada pela Prefeitura do Natal. 

O que os cidadãos acham da reforma? 

"Acho que toda obra feita para resgatar o patrimônio cultural e histórico é válida. Acredito que será positivo. Eu só não gostei de não haver uma comunicação prévia, porque essas obras, querendo ou não, impactam na realidade das pessoas que passam por lá", disse Maisie. 

Já Wilson está muito otimista com a obra, mas espera um melhor empenho para garantir segurança à população. "Hoje as pessoas estão muito ligadas a celular e internet. Acho que esses ambientes devem servir para união e crescimento de todos, principalmente, da juventude. Para que eles possam deixar um pouco a internet e o telefone de lado e poder ter esse encontro pessoal, brincadeiras. Até mesmo para os casais e namorados, que estão iniciando os romances, tenham um espaço bacana para estar junto", disse. "As praças são importantes para que as pessoas possam estar nelas, mas com um alto índice de insegurança e violência, as pessoas tem receito e medo. Esperar que essas mudanças possam vir e tragam segurança para que todos possam curtir e aproveitar o ambiente", finaliza. 

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