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Brasil

Relatórios da Polícia Federal mostram ligação entre PCC e 'parça' de Neymar

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Relatórios enviados para a Polícia Federal mostram transações suspeitas entre José Celso de Moraes, empresário esportivo conhecido por ser um dos “parças” do jogador Neymar Jr, e a esposa de Willian Agati, o concierge da cúpula do Primeiro Comando da Capital.

As informações foram enviadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para a operação Mafiusi, que investiga um grupo especializado no tráfico internacional de drogas chefiado por Agati.

João Celso confirmou à coluna ter realizado as transferências e disse que elas estão relacionadas a um empréstimo que fez com o próprio Willian Agati.

Segundo ele, o empréstimo se deu em um momento de problemas financeiros, quando foi necessário recorrer a Agati.

José Celso de Moraes é conhecido por ser um dos “parças” do jogador Neymar Jr. Em suas postagens nas redes sociais, ele explora a proximidade com o jogador e aparece em dezenas de fotos ao lado do atleta do Santos.

Agati, por sua vez, foi preso porque, segundo a PF, atuava como uma espécie de faz-tudo de integrantes da cúpula do PCC. De acordo com a PF, ele fornecia logística para o envio de drogas ao exterior e atuava na lavagem de dinheiro para o grupo.

Segundo a Polícia Federal, ao menos quatro relatórios do Coaf enviados para a operação Mafiusi citam transações de José Celso Moraes e Rany Alessandra Arrabal, esposa de Agati.

“João Celso de Moraes realizou transações no valor total de R$ 120.308,00, distribuídas em 11 operações. Há 4 comunicações relacionadas a essas transações nos RIFs 77.277, 82.029, 82.030 e 82.384”, diz a PF.

Segundo os documentos citados pela PF, o valor de R$ 120 mil foi repassado para a esposa de Agati entre os anos de 2021 e 2022.

Rany Alessandra entrou na mira da PF por causa da suspeita de que seu marido atua na lavagem de dinheiro proveniente do PCC.

Willian Agati, marido de Rany Alessandra, é apontado como concierge da alta cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e principal alvo da Mafiusi, que investiga um esquema de tráfico internacional de drogas.

Moraes é sócio da BBM Sports e atua em times como Monte Azul e o Maringá. Ele é mais conhecido, no entanto, por causa de sua amizade com Neymar.

No Monte Azul, por exemplo, clube do qual João Celso é presidente, o pai de Neymar atua como consultor do time.

Na conclusão do relatório em questão citados as movimentações financeiras com João Celso Moraes e outras pessoas que transacionaram com os investigados na Mafiusi, a PF afirma que “as relações bancárias suspeitas e o padrão de vida incompatível com sua renda oficial levantam suspeitas sobre a origem ilícita do dinheiro e a possibilidade de Rany estar se aproveitando desses recursos ilícitos para manter um estilo de vida luxuoso”.

“Essa evolução das fontes de renda de Rany, aliada ao envolvimento de seu marido com atividades criminosas, às transações suspeitas realizadas e ao padrão de vida incompatível com sua renda oficial, sugere que os recursos possam ter origem ilícita”, diz a PF sobre as transações informadas pelo Coaf.

“Além disso, as relações bancárias de Rany também foram importantes para caracterizar a possível lavagem de capitais, pois ela efetuou diversas transações com empresas e pessoas físicas relacionadas às atividades criminosas envolvendo seu marido, William Barile”, concluiu a PF.

João Celso confirmou ter realizado as transferências e disse que elas estão relacionadas a um empréstimo que fez com o próprio Willian Agati.

Segundo ele, o empréstimo se deu em um momento de problemas financeiros, quando foi necessário recorrer a Agati.

“Eu peguei (o empréstimo) com o Willian, peguei emprestado com ele e fui pagando na conta, não tenho o que esconder. Nem é da minha índole, não tenho por que estar me envolvendo com essas coisas”, disse.

Sobre se sabia da atuação de Agati no tráfico internacional de drogas apontada pela PF, João Celso disse desconhecer o que ele fazia.

“É um negócio tão maluco, só se ele tem dupla personalidade. Ninguém do nosso círculo inteiro, ninguém suspeitava de nada, é muito longe da nossa realidade”, afirmou.

Sobre o que ele achava que Agati fazia, o parça de Neymar disse que “achava que era empresário, que fazia eventos e fazia algumas outras coisas assim”. “Nunca participei do dia a dia dele de trabalho”, disse.

“Eu conheci o Willian em 2021, mais ou menos, eu não tenho relação de trabalho do dia a dia, óbvio que era meu colega, mas não tinha relação de negócio. Eu tive a relação do empréstimo de dinheiro”, concluiu.

A assessoria de Neymar Jr. disse que não tem nada a declarar sobre o caso.

Eduardo Maurício, advogado que defende Willian Barile Agatti, afirma que seu cliente não praticou nenhum dos crimes que lhe são imputados.

O advogado afirma, ainda, que Willian Barile Agatti é inocente, nunca teve nenhuma associação criminosa com nenhum membro da facção criminosa PCC, muito menos com a máfia italiana, “bem como desconhece Nicola Assisi e nunca participou de nenhuma negociação ilícita de drogas ou de qualquer outro ilícito, sendo um empresário idôneo de conduta ilibada”.

Operação Mafiusi

A Operação Mafiusi foi deflagrada pela Polícia Federal em dezembro de 2024 e mira o grupo liderado por Willian Agatti.

Segundo a PF, o grupo de Agati dominava a rota marítima entre o porto de Paranaguá (PR) e o localizado na cidade espanhola de Valência e, também, uma rota aérea entre o Brasil e aeroportos na Bélgica.

Entre os clientes no exterior estava a máfia calabresa ‘Ndrangheta. Ao longo das investigações que desaguaram na Operação Mafiusi, a PF chegou a prender os italianos Nicola e Patrick Assisi, apontados como lideranças da máfia.

O grupo liderado por Agati, segundo a PF, era dividido em três núcleos. O primeiro deles era o de liderança e coordenação, integrado por criminosos que exerciam o comando da organização criminosa.

O segundo núcleo era operacional, formado por responsáveis por operacionalizar a remessa dos carregamentos de droga para o exterior através dos modais marítimo e aéreo.

E por fim, havia o núcleo financeiro, integrado por operadores que cuidavam de “uma complexa rede de pessoas físicas e jurídicas por meio da qual movimentam cifras multimilionárias em diversas contas bancárias, com transações características de ocultação/dissimulação da procedência ilícita dos valores”.

O MPF já apresentou denúncia contra integrantes do primeiro e segundo grupo, entre eles Agati. Agora a PF continua com as investigações para completar a apuração sobre como o grupo, por meio de empresas e das transações apontadas pelo Coaf, lavavam o dinheiro do tráfico.

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