As apurações da Polícia Federal sobre monitoramentos ilegais por uma “Abin paralela” no governo Bolsonaro indicam que, conforme mostrou a coluna em 2020, o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da agência, determinou uma devassa sobre os auditores da Receita Federal que produziram o relatório cujo conteúdo deflagrou as investigações sobre o esquema de rachadinha de Flávio Bolsonaro. A notícia é do Metrópoles e foi um dos destaques do Jornal das 6 - assista no vídeo acima:
A PF descobriu que o policial federal Marcelo Bormevet, assessor de Ramagem na Abin, e o subtenente Giancarlo Rodrigues fizeram monitoramentos dos auditores fiscais Christiano José Paes Leme Botelho, Cléber Home da Silva e José Pereira de Barros Neto. Bormevet e Rodrigues foram presos nesta quinta-feira (11/7), na quarta fase da Operação Última Milha.
Os três alvos do monitoramento ilegal foram os responsáveis pelo Relatório de Inteligência Financeira (RIF) que deu origem às investigações sobre apropriação indevida de salários de servidores do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, à época em que ele era deputado estadual.
A ação clandestina de Bormevet e Rodrigues ocorreu em novembro de 2020 e se destinava a descobrir “podres e relações políticas” dos servidores da Receita. Eventuais dívidas tributárias e até as redes sociais de esposas também deveriam ser devassadas. O monitoramento foi tratado como “urgente” pelo policial e o militar em conversas de WhatsApp. Conforme os diálogos, a ação foi informada ao gabinete de Ramagem em dezembro de 2020.
“A diligência sobre os auditores responsáveis pela confecção do Relatório de Inteligência Fiscal que substanciou investigação criminal envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, ao que indicam os vestígios encontrados, foi determinada pelo Del. Alexandre Ramagem”, disse a PF ao ministro Alexandre de Moraes, na manifestação em que pediu a deflagração da operação desta quinta.