O relatório da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) apontou a “prática de delitos e graves desvios de conduta” durante a gestão do general Mauro Lourena Cid à frente do escritório. No documento, a empresa atesta que o pai do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou a estrutura da instituição para receber o corretor de imóveis que transportou as joias, no âmbito do suposto esquema de venda ilegal de presentes presidenciais durante a gestão de Jair Bolsonaro. Além disso, a Agência atestou a presença de funcionários fantasmas e uma “resistência explícita de Cid ao resultado eleitoral” de 2022.
As investigações foram realizadas por técnicos da empresa, que está localizada nos Estados Unidos. Ao todo, 16 pessoas foram ouvidas e documentos internos foram analisados. Segundo as apurações, Cid utilizou o celular funcional para tirar as fotos obtidas pela Polícia Federal, que mostram o reflexo no general com um dos presentes supostamente desviados.
Já demitido do cargo, o general utilizou o celular funcional para compartilhar fotos das joias e objetivos de artes atribuídos ao ex-presidente Bolsonaro. A constatação foi feita a partir de mensagens obtidas pela Polícia Federal.
O celular foi devolvido, mas os dados foram apagados de maneira irregular por um servidor. Já o notebook funcional, só foi entregue em 17 de janeiro. “Em ambos os casos, foi contrariado o procedimento padrão de devolução e apagamento dos dados de equipamentos da ApexBrasil, que devem ter sua integridade atestada e seus dados apagados por uma empresa prestadora de serviços de tecnologia contratada da Agência”, disse o relatório.
Um exame feito na agenda do general mostrou que em 1º de agosto de 2022, ele recebeu no gabinete o corretor de imóveis Cristiano Piquet, da Piquet Realty, que confessou à PF ter transportado uma mala de joias do ex-presidente Bolsonaro de Orlando para Miami, cidade onde fica o escritório da Agência.
Os depoimentos colhidos pelos técnicos da Apex também mostraram que o general manifestava repetidamente aos funcionários uma convicção de que “mesmo após eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tomaria posse e de que ele continuaria em seu cargo à frente do escritório”.
As apurações da Comissão a contratação do médico de Jair Bolsonaro, que segundo relatos colhidos, foi imposto à equipe, contratado pela sede em Brasília e expatriado por meio de instrumentos de excepcionalidade em abril de 2022.
Os fatos constatados pela agência apontam para “a negligência do general Lourena Cid em suas funções à frente do [escritório de] Miami”. Entre os pontos identificados, estão a desobediência às Instruções Normativas da Agência sobre home office e teletrabalho, a falta de controle de frequência ou acesso ao escritório.
As conclusões obtidas no relatório vão ser enviadas para o STF (Supremo Tribunal Federal), TCU (Tribunal de Contas da União) e a PF (Polícia Federal).
R7