O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, admitiu, nesta terça-feira (8), que a meta inflacionária deste ano será descumprida. Ele deve enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o estouro do teto da meta da inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com informações de Mariana Andrade, do Metrópoles.
A inflação de junho será divulgada nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa do mercado financeiro é de que o índice suba 0,23% no mês, o que caracterizaria o descumprimento da meta.
Uma das responsabilidades do Banco Central é controlar a inflação, por meio da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias. Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano.
Segundo Galípolo, ele será “o primeiro presidente do Banco Central a assinar duas cartas” de descumprimento de metas. A primeira foi assinada em janeiro, início do mandato de Galípolo à frente do BC após a gestão de Roberto Campos Neto.
“Banco Central nunca dá cavalo de pau em nada”, frisou, após ser questionado sobre a condução da política monetária do órgão.
Descumprimento da meta de 2024
A inflação de 2024 fechou o ano em 4,83% — 0,33 ponto percentual acima do teto da meta, que era de 4,5%.
O resultado do ano passado registrou a oitava vez que o alvo para o IPCA foi descumprido na história do sistema de metas de inflação, em vigor desde 1999.
A meta da inflação para 2024 era de 3% com variação de 1,5 ponto percentual, sendo 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Em dezembro, o próprio BC admitiu o descumprimento da meta em 2024.
No documento, o BC disse que tem tomado as devidas providências para que a inflação atinja a meta estabelecida.
Meta de inflação
Em 2025, a meta é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual, com piso de 1,5% e teto de 4,5%, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, com índice apurado mês a mês. Se o acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Ao Metrópoles, o ministro Fernando Haddad disse acreditar que a inflação deve oscilar dentro da meta em 2026. A meta inflacionária é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
“O Banco Central que tem de ver a evolução da queda, tem questões externas que impactam a decisão, não são só domésticas. O ano que vem, acredito tranquilamente, que vai estar dentro da banda”, afirmou o ministro.