
O Tribunal Pleno da Justiça Estadual do RN determinou a transferência para a comarca de Natal do julgamento de uma ação penal em que os réus Romário Brito e Valter Brito, acusados de homicídio do ex-vice-prefeito de Janduis, Walter Martins Veras. A transferência ocorre diante da alegação de "risco à garantia de imparcialidade do conselho de sentença". Ou seja: o medo pode fazer os jurados mudarem o voto e não julgarem o réu com isenção.
De acordo com o processo, o crime ocorreu por motivo fútil, no dia 4 de fevereiro de 2012. Walter Martins Vera estava sentado na calçada da vizinha, quando foi executado pelos assassinos com dois tiros de escopeta. O ex-vice era uma pessoa muito conhecida e querida na cidade. Foi agropecuarista e chegou a ser prefeito por três meses no ano de 1985.
Era casado, deixou a viúva com seis filhos. Um dos assassinos, Romário Brito já foi condenado a mais de 20 anos de prisão por um homicídio praticado na cidade de Mossoró, e atualmente encontra-se cumprindo a pena em liberdade usando tornozeleira. O júri ocorrerá nesta segunda-feira (7), no Fórum Miguel Seabra Fagundes, a partir das 8h da manhã.
HISTÓRICO DA FAMILIA VERAS
Em 2015, morreu o agropecuarista, Agnaldo Veras, irmão de Walter Veras, assassinado do mesmo jeito, ou seja, homens armados em um carro chegam a casa onde mora e praticam a execução. A partir daí, o jornalista F. Gomes (que também foi assassinado anos depois), escreveu um histórico interessante sobre os assassinados que tinham pessoas com esse sobrenome. Segue:
"O agropecuarista e ex-vice-prefeito, Walter Martins Veras, de 69 anos, foi assassinado no dia 3 de fevereiro de 2012, em sua residência no centro da cidade de Janduis. No dia do crime, ele estava sentado na calçada de casa junto com familiares, quando quatro homens num Celta, de placa NNP-9560, se aproximaram e atiraram com espingardas calibre 12. Em seguida, os quatro abandonaram o carro na zona rural e atearam fogo.
Em 2010, foi assassinado Antônio Francisco Nóbrega Martins Veras. Ele foi emboscado quando seguia em uma caminhonete juntamente com dois policiais militares que lhe faziam segurança, em direção ao sítio na zona rural de Janduis. Todos foram fuzilados.
Em 2003, após perder dois irmãos, Vicente e Cézar Veras, de forma semelhante, em emboscadas e vítimas de muitos disparos de armas de diferentes calibres, Antônio Veras, passou a contar com segurança de policiais militares cedidos pela Secretaria de Segurança Pública.
Antônio Veras teve o nome envolvido nas investigações em torno do assassinato de José Reis de Melo, conhecido como Zé Vieira, morto a tiros em 2006. O ex-prefeito de Campo Grande acusava o agropecuarista como envolvido nas mortes dos seus irmãos. Em 2006 Zé Vieira foi morto numa fazenda situada no município de Campo Grande por um grupo armado que cercou sua casa e atirou tentando matar todos os familiares que se encontravam no local. José Reis de Melo tombou morto.
Na última entrevista concedida por Antônio Veras no programa Comando Geral da Rádio Caicó AM, em 2009, se defendendo das acusações pelo assassinato de Zé Vieira, ele falou sobre a possibilidade de ser assassinado. “Eu não paro de pensar como eu vou sobreviver, eu não paro de pensar. Quando explode uma situação dessa que jogam na imprensa de maneira diferente do que está no inquérito eu fico preocupado. Por que? Será que os resquícios da quadrilha não aproveitam uma situação dessa para armar uma parada? Eu não sei, isso é uma guerra. Eu não faço a guerra, eu vivo por circunstância da natureza dentro dessa guerra”, narrou.
Quadrilha
Na ocasião o ex-prefeito Antônio Veras se disse vítima de uma quadrilha, mas declarou que não tinha medo de morrer. “Eu não temo, eu acho que quem nasce tem um final que é a morte. Agora eu não quero a morte de briga, eu quero a morte de natureza de saúde”, citou.
O ex-prefeito Antônio Veras sem citar nomes se referiu ao grupo antes liderado por José Valdetário Benevides como debilitado. “Eu acredito que a quadrilha está muito debilitada porque os cabeças estão presos, outros morreram em combate com a polícia, não foi com a nossa família. Os que morreram foram brigando com a polícia, é muito ruim brigar com a polícia, mas eles achavam que eram donos da metade do mundo. Agora quem não se preocupa com uma situação dessa?”, citou na ocasião Antônio Veras.
Em 2010, a polícia não tinha dúvidas de que a morte de Antônio Veras estava ligada às execuções dos irmãos dele, Cezar e Vicente Veras. E trabalhou com a possibilidade de ter sido praticada por homens ligados à quadrilha dos Carneiro. Depois que os dois primeiros irmãos foram mortos, José Reis de Melo, o “Zé Vieira”, envolvido nos crimes junto com Valdetário Carneiro, foi executado. Antônio Veras chegou a ser indiciado pela morte de Vieira."