Após a derrubada da medida provisória (MP) que substituiria o aumento do IOF, o governo Lula iniciou uma série de exonerações de aliados políticos em cargos de segundo escalão. As demissões atingiram principalmente indicados de partidos do Centrão, como PP, PSD, União Brasil e MDB, e são vistas como uma retaliação direta à articulação que levou à derrota da MP na Câmara dos Deputados.
Entre os atingidos estão nomes ligados ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), a lideranças do PSD de Gilberto Kassab e a deputados do União Brasil. Foram feitas mudanças em cargos da Caixa Econômica Federal, Codevasf, Iphan, Dnit e superintendências do Ministério da Agricultura. No entanto, o Palácio do Planalto poupou aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cuja indicação para a presidência da Caixa permanece intacta — ele se ausentou da votação que levou à queda da MP.
O governo considera a votação como uma “linha de corte” para medir o grau de fidelidade dos partidos da base. Deputados que votaram contra ou ajudaram a retirar a MP de pauta foram os primeiros alvos. Já os que se abstiveram, como Lira, não sofreram sanções por enquanto. A estratégia, segundo auxiliares de Lula, também tem um componente eleitoral, mirando o alinhamento político em 2026.
A movimentação gerou insatisfação entre parlamentares do Centrão. Líderes afirmam que punir aliados nesse momento é “ilógico” e que o governo corre o risco de tensionar ainda mais sua relação com a Câmara. Alguns deputados ressaltam que a votação foi apenas sobre a retirada de pauta, e não sobre o mérito da matéria, criticando a dureza da reação do Planalto.
Mesmo com as demissões, o governo deixou aberta a possibilidade de reaproximação com os partidos punidos. A avaliação interna é que a resposta serviu como um alerta político, mas sem fechar portas para futuras negociações no Congresso.