O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se manifestou após as manifestações que pediram a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Sem citar diretamente a palavra "anistia", Motta defendeu penas menores para aqueles que não cometeram crimes graves, mas alertou para o risco de agravamento da crise institucional caso o tema seja conduzido com tensão.
"Defendo sensibilidade para corrigir exageros, mas sem desequilibrar as instituições. Não contem com este presidente para aumentar uma crise institucional", afirmou.
A pressão pelo avanço do projeto de anistia tem vindo de parlamentares bolsonaristas, que também participaram do ato na Avenida Paulista. No entanto, o presidente da Câmara rechaçou qualquer movimentação que leve a Câmara a ser uma “Casa de uma pauta só”, afirmando que o Brasil tem outras prioridades.
Durante o evento, o pastor Silas Malafaia criticou nominalmente Motta, acusando-o de travar o requerimento de urgência. Parlamentares do Centrão, por sua vez, atribuíram o impasse à condução do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, que teria prometido apoio sem articulação prévia.
Na tentativa de equilibrar o jogo político, Motta encaminhou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) um projeto que pode beneficiar o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu por tentativa de golpe. O gesto foi interpretado como aceno ao grupo bolsonarista, ainda que sem se comprometer diretamente com a pauta da anistia.
Deputados do PL estão em obstrução das pautas da Câmara para pressionar pela votação do projeto. Motta, no entanto, minimizou: “Obstrução é um instrumento legítimo do Legislativo. Toda manifestação é válida no jogo democrático”, declarou.