A derrota do governo na CPMI do INSS no Congresso começou a ser articulada por lideranças da oposição e do Centrão no início da noite de terça-feira (19) e envolveu jantar e conversas que vararam a madrugada. A informação é da coluna do Igor Gadelha, no Metrópoles.
A articulação foi comandada pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). Após os partidos concluírem a indicação de seus membros para a comissão, Sóstenes fez as contas e viu que haveria chance de uma reviravolta.
O líder do PL, então, procurou lideranças do União Brasil e do PP, que formalizaram uma federação entre os dois partidos na tarde de terça-feira, com a promessa de independência em relação ao governo.
Nas conversas, os caciques do Centrão indicaram que não apoiariam nenhum senador radical para a presidência da CPMI. Surgiu-se, então, o nome da senadora Tereza Cristina (PP-MS), mas ela não topou a ideia.
Com a recusa, Sóstenes procurou o senador Carlos Viana (Podemos-MG), o qual, assim como o líder do PL, é da bancada evangélica. Os dois jantaram na noite da terça-feira, quando Viana disse que topava a missão.
A partir daí, Sóstenes começou a disparar ligações a parlamentares em busca de apoio para sua estratégia. Para isso, o deputado contou com a ajuda do atual líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Segundo fontes do PL, Sóstenes e Marinho fizeram ligações até de madrugada. A articulação ocorreu em sigilo, para que o governo não percebesse e agisse para que os partidos mudassem os membros da CPMI.
O resultado da articulação
O resultado deu certo. Na manhã de quarta-feira (20/8), Carlos Viana registrou sua candidatura e conseguiu ser eleito presidente da comissão contra o senador Omar Aziz (PSD-MG), nome que agradava o governo.
Eleito, Viana escolheu o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) como relator da CPMI, e não Ricardo Ayres (Republicanos-TO), nome até então escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Integrantes do PL dizem que a escolha de Gaspar também foi articulada por Sóstenes com o Centrão. O relator, como noticiou a coluna, é bolsonarista e já culpou Lula pelo escândalo do INSS que será investigado pela CPMI.