A crise no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) veio à tona após uma carta aberta dos servidores do órgão, publicada na última sexta-feira (4), desmentir o presidente Manuel Palácios sobre o atraso na divulgação dos dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Os números, que mostram uma taxa de alfabetização menor do que o governo vinha alardeando, ficaram guardados por oito meses — e os próprios técnicos do Inep afirmam que entregaram os resultados no dia 14 de agosto de 2024, sem qualquer erro que justificasse a omissão. A informação é do g1.
A versão de Palácios, segundo a qual houve “problemas de amostragem”, foi rechaçada pelos servidores, que afirmam que esse diagnóstico não tem respaldo técnico. Eles também reclamam que a justificativa foi apresentada à imprensa sem qualquer debate interno. “O Presidente trouxe a público suas argumentações, sem prévia discussão interna com servidores”, diz a carta.
A denúncia aponta ainda que essa não foi a única divulgação adiada de forma suspeita — o Enade e o Censo da Educação Básica de 2024 também teriam sofrido atrasos injustificáveis. Para os servidores, a tentativa de ocultar os dados compromete a credibilidade do Inep e o esforço técnico dos profissionais da casa.
A suspeita de manipulação dos números cresceu após o governo Lula ter comemorado, em maio de 2024, os dados do programa “Criança Alfabetizada”, com resultados bem mais animadores: 56% das crianças do 2º ano alfabetizadas. Mas, quando o Saeb enfim veio a público, a realidade era outra — apenas 49% dos alunos sabiam ler adequadamente.
Em alguns estados, a diferença é gritante. No Maranhão, por exemplo, enquanto o governo dizia que 56% das crianças estavam alfabetizadas, o Saeb mostrava apenas 31% — uma distância de 25 pontos percentuais.
